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O diagnóstico veio como uma bomba. Mal deu tempo de processar a informação de que aquele estado febril não era um resfriado, mas sim uma infecção pelo novo coronavírus. Também não deu tempo de pensar no longo caminho que estava pela frente. Da consulta, Sandro Batista, de 50 anos, foi isolado e levado para o […]
O diagnóstico veio como uma bomba. Mal deu tempo de processar a informação de que aquele estado febril não era um resfriado, mas sim uma infecção pelo novo coronavírus. Também não deu tempo de pensar no longo caminho que estava pela frente. Da consulta, Sandro Batista, de 50 anos, foi isolado e levado para o Centro de Tratamento Intensivo.
“O médico pediu exame de sangue, pediu tomografia e, quando saíram os resultados, ele já falou para a minha esposa que eu estava no isolamento”, conta.
Com a saturação muito baixa, problemas respiratórios e o risco de ser entubado a qualquer momento, o guarda municipal enfrentou um doloroso processo de dez dias no CTI. Sandro conta que os seis primeiros foram os mais difíceis.
“Todo dia era injeção de anticoagulante na barriga, era seringa no pulso para tirar sangue arterial, o que é uma dor alucinante”.
Com a evolução no tratamento, veio a alta para a enfermaria. Mas cansado de tanto sofrimento, o servidor pediu que fosse liberado para a recuperação em casa. O médico até permitiu, desde que, a esposa de Sandro saísse de casa e ele permanecesse isolado. Leila Nunes é enfermeira, trabalha na linha de frente no combate à pandemia e, apesar do risco de ser contaminada, escolheu ficar ao lado do marido, mas com todos os cuidados necessários.
Em março, o Rio de Janeiro começava a registrar os primeiros casos de covid-19 e também as primeiras mortes. A circulação do vírus era grande em vários países e, oficialmente, a Organização Mundial da Saúde declarou a pandemia do coronavírus. Os números cresciam rapidamente. Aqui, Município e Estado deram início à quarentena com isolamento social e fechamento do comércio. O Ministério da Saúde também adotara critérios que deveriam ser aplicados em casos suspeitos ou confirmados da doença.
“Eu fiquei isolado dentro do quarto. Batia na porta e minha esposa ia para outro quarto para que pudesse ir ao banheiro, ir tomar banho. Minha esposa deixava a bandeja de comida na porta. Todo dia ela trocava a roupa de cama, trocava as toalhas. Fiquei assim por oito dias”, relembra Sandro, que seguiu à risca os protocolos e abriu mão até mesmo da companhia do maltês Joe Mauzudão, cachorrinho do vizinho que passa o dia na casa do guarda municipal.
A doença foi vencida, mas deixou sequelas. Seis meses depois, o servidor ainda têm crises de falta de ar. O peso também é um desafio, e Batista tem o acompanhamento de um pneumologista e um cardiologista para perder 15 quilos extras. Sandro ainda segue em isolamento.
“A gente tem que se cuidar. Os cuidados aqui em casa continuam os mesmo, a higienização é a mesma. Vamos respeitar o espaço, o isolamento e vamos aguardar para ver se vem uma vacina, se o vírus vai embora, ver o que vai acontecer. Vamos nos cuidar”, finaliza.
No vídeo abaixo, Sandro Batista contou um pouco do que viveu e deixou uma mensagem para os servidores. Assista!