Suely Nunes é gari há nove anos. E foi varrendo o Boulevard Olímpico, onde dá expediente todos os dias, que ela descobriu uma nova habilidade: recuperar canteiros de plantas. Tanto que, nos últimos meses, trocou a vassoura por utensílios como pá, ancinho e regador para embelezar os jardins do entorno da Praça Mauá. Aos 55 […]
Suely Nunes é gari há nove anos. E foi varrendo o Boulevard Olímpico, onde dá expediente todos os dias, que ela descobriu uma nova habilidade: recuperar canteiros de plantas. Tanto que, nos últimos meses, trocou a vassoura por utensílios como pá, ancinho e regador para embelezar os jardins do entorno da Praça Mauá. Aos 55 anos, Suely é uma das mulheres que fazem a cidade acontecer e uma das sete servidoras homenageadas em reportagens que serão publicadas até domingo (14/03).
Olhar os canteiros crescendo desordenadamente, cheios de folhas secas, devido ao fim do contrato com a empresa que fazia a manutenção na gestão passada, deixava Suely incomodada. Ela, que sempre cuidou muito bem das orquídeas que cultiva em casa, percebeu que podia contribuir com o embelezamento daqueles jardins.
– Amo planta. Planta é tudo, é vida. Comecei tirando um matinho, limpando o canteiro quando varria a rua. Acabou virando uma função. E isso foi bom, porque passei a sentir dor na coluna durante a varrição, e cuidar do canteiro foi uma ótima maneira de me manter ativa – conta Suely.
Ligada à gerência que atende a Zona Portuária, a gari conta que conheceu a região bem antes de todas as transformações pelas quais passou nos últimos anos:
– Vi como era e como ficou. Não sabia se estava certa, mas não podia deixar aquelas plantas morrerem. Senti necessidade de cuidar delas. Perto de onde moro tem uma rua cheia de floriculturas. Sempre que passo por lá faço perguntas, pego dicas de como cuidar dos jardins.
O trabalho de Suely tem chamado a atenção de quem passa pelo lugar, que é um dos pontos turísticos da cidade. Ela conta que muitas crianças param perto dela, enquanto trabalha, para elogiar a beleza das plantas:
– Param perto de mim para dizer que está ficando bonito, elogiam e falam: se não fosse você…
Mãe de três filhas, que já lhe deram seis netos e uma bisneta “linda”, como gosta de frisar, Suely também banca a coruja com seus canteiros. Costuma fotografar o antes e depois e mandar para a família.
– Tinha uns tão secos que minha filha chegou a dizer que não tinha jeito. Depois mandei outra foto e perguntei: lembra daquele canteiro? Olha ela agora. Estava lindo – conta Suely, que tem seus truques para que o trabalho dê certo: – Converso com as plantas, digo que estão ficando bonitas, para continuarem assim. E, quando vem a chuva, elas ficam ainda mais vivas.