Gari da Comlurb desde 1995, André Luiz Chaves, ainda criança, aprendeu com o pai o gosto pelo trabalho social. Anos mais tarde, ele deu vida a um projeto de karatê em Vilas Olímpicas e outras localidades na cidade do Rio de Janeiro e passou a ensinar o esporte para duas de suas cinco filhas. […]
Gari da Comlurb desde 1995, André Luiz Chaves, ainda criança, aprendeu com o pai o gosto pelo trabalho social. Anos mais tarde, ele deu vida a um projeto de karatê em Vilas Olímpicas e outras localidades na cidade do Rio de Janeiro e passou a ensinar o esporte para duas de suas cinco filhas. A história do servidor da Prefeitura do Rio faz parte do especial em homenagem ao Dia dos Pais, comemorado neste domingo (14/8).
Na primeira metade dos anos 1980, os filmes “Karatê Kid: A Hora da Verdade” e “Karatê Kid II: A Hora da Verdade Continua” transformaram a modalidade em febre nas academias do Rio de Janeiro. Quando estava com 11 anos, André Luiz se interessou pela luta e foi treinar a convite de um amigo. Se encantou e teve como seu maior incentivador o pai Claudio Coutinho. Vendo o prazer do filho em praticar o esporte, ele financiou as mensalidades da academia, pagou exames de faixa e compra de equipamentos.
Ainda criança, André Luiz também frequentava com o pai orfanatos e asilos. Claudio, hoje já falecido, gostava de ajudar os mais necessitados, dando carinho e atenção para quem precisava. Esse gosto pelo trabalho social foi incutido de pai para filho, então André Luiz decidiu que um dia uniria essa nova paixão com o esporte que praticava.
– Quando eu me estabilizei na Comlurb, criei um projeto social, algo que sempre esteve dentro de mim por influência do meu pai. O karatê é um esporte caro, e muitas crianças querem praticar, mas não podem pela questão financeira. Eu forneço tudo – contou André Luiz, de 46 anos, que, desde 2015, coordena aulas da modalidade na Vila Olímpica do Sampaio e também ensina gratuitamente na Vila Olímpica do Encantado, no Clube Alvorada, além de montar dojôs próximo ao Engenhão e em casa.
Ao todo, o gari tem 48 alunos, que considera como filhos. Morador do bairro da Piedade, na Zona Norte, André Luiz aproveita as muitas escolas próximas de sua casa para buscar os alunos. Além das aulas, ele tenta ajudar o alunos, que variam entre 9 e 48 anos com conversas, pois muitos têm problemas em casa ou no colégio.
– O karatê é uma ferramenta de formação do caráter das crianças e jovens. Com o esporte e a doutrina japonesa, eles aprendem a respeitar o colega, o que é hierarquia em casa, na escola e na faculdade. Eu formo campeões para o tatame e para a vida – afirmou.
E entre seus alunos, André Luiz tem realmente duas filhas: Andressa, de 21 anos, e Gabrielly, de 11, esta última adotiva. Ingrid, de 24, Andreia, de 22, e Isabelly, de 18, não participam das aulas. Já sua mulher Adriana Campos também se tornou aluna da modalidade.
– É muito comum no karatê o professor formar discípulos que vão continuar propagando os ensinamentos e treinos da luta. No Japão, é tradição os pais formarem seus filhos neste sentido. Meu propósito como pai e sensei é formá-las no esporte para que possam dar continuidade a este trabalho quando eu não estiver mais presente – disse André Luiz.
No início, o gari levava as filhas aos treinos. Elas iam vez sim, vez não. Mas o incentivo fez com que duas delas se apaixonassem, assim como ele, pelo karatê. Hoje, Gabrielly e Andressa são faixas roxas, mas a segunda está afastada dos treinamentos por conta de gravidez.
Gari que atua no trabalho de varredura, capina, limpeza de ralo, entre outros, em logradouros públicos no bairro da Piedade, André Luiz também desenvolveu o talento para a música. Ele toca cavaquinho, violão, banjo, guitarra e contrabaixo e integra o grupo Só Limpeza, que foi entrevistado no programa do Jô Soares, em 2002. Além disso, participou da fundação do grupo Pegando de Surpresa, atual Chegando de Surpresa, formado por garis que usam a música e a dança em campanhas de conscientização da Comlurb.
– Comecei na música na mesma época do karatê, sempre gostei de instrumentos. Com o Só Limpeza, ganhamos festivais e já tocamos na noite carioca muitas vezes. Mas na música não consegui trazer nenhuma das minhas filhas.