Com 24 anos dedicados ao magistério, na Prefeitura do Rio, o professor de matemática Luiz Felipe Lins conta como foi importante a ajuda de seus alunos nesse momento em que os professores tiveram que reinventar os métodos de ensino e como utilizou um doce para despertar a atenção das crianças enquanto dava aulas sobre algoritmo.
Vencedor de dois prêmios em 2020, Educador Nota 10 e Educador do Ano, Luiz Felipe, dá aulas na Escola Municipal Francis Hime, na Taquara, para turmas do 8º ano. O professor diz que o primeiro desafio para encarar as aulas virtuais foi aprender a usar as câmeras. “Não acho o foco, fica embaçado, por vezes, escuro. Se não fossem as crianças me ajudando, acredito que não estaria realizando as aulas remotas online”, conta.
Depois de aprimorar a parte técnica com a ajuda dos alunos, veio a preocupação em como despertar o interesse dos estudantes mesmo de longe.“Dentro das habilidades previstas nas Orientações Curriculares, utilizei um pudim para ensiná-los o que era um algoritmo e como construíamos um fluxograma. E propus que eles fizessem o mesmo, preparassem em casa o doce que mais gostavam, filmassem, depois montassem um fluxograma e apresentassem para a turma. Foi sensacional! Fico muito feliz com a inclusão dos alunos, eles precisam interagir e conviver com outras crianças de sua idade”, comemora o professor.
Fora do período de pandemia, Luiz Felipe também têm histórias que o enchem de orgulho. “Meu maior presente, enquanto professor, foi um dos meus alunos. Em 2016, quando ingressou no 6º ano, Caike Dias trazia defasagens devido a limitações que possui. Mas como pensar em um conteúdo que fosse realmente significativo para o Caike?”. O professor conta que passou noites sem dormir. “Não de medo, mas de ansiedade para encontrar uma maneira de passar algum conhecimento matemático que fizesse sentido para ele. A resposta veio quando pensei no que ele gostaria de ter após quatro anos como meu aluno? Que sonhos tinha para ele?. E foi então que veio o pensamento de dar condições para que o estudante se tornasse um adulto independente, alcançasse uma profissão e, principalmente, fosse feliz”, explica.
A partir daí, o educador foi em busca de novas atividades matemáticas e elaborou um material especial para o aluno, no qual disponibilizava uma cópia para a professora da sala de recursos e ela refazia as atividades nos momentos em que estava com Caike. “Ele precisa rever conceitos o tempo todo, os conteúdos devem ser aprofundados e revistos nesse processo de idas e vindas, cotidianamente”.
Mas, Luiz Felipe, ainda queria mais e, “no 9º ano, estabeleceu que o aluno precisava aprender a fazer contas com recurso. Com a ajuda de um estagiário, montaram uma calculadora do Material Dourado, feito de garrafa PET e isopor. E a recompensa veio logo. Caike aprendeu a fazer contas de adição e subtração com reserva sem utilizar a calculadora especial. “Temos uma ligação afetiva muito grande, é um menino extremamente carinhoso, atencioso, educado e com potencial para desenvolver aquilo que desejarmos. Com ele, comecei a perceber que cada um tem seu tempo, suas limitações e frustrações. A escola não pode ser um lugar que fomenta a tristeza, que alimenta o fracasso, que não respeita as individualidades. Passei a olhar cada aluno que, apresenta dificuldade, de um jeito especial e, agora, quero me aprofundar no trabalho com alunos incluídos e na formação de professores”, avalia orgulhoso o educador.
Para o Dia do Servidor, Luiz Felipe deixa uma mensagem aos colegas. “Que todos reconheçam seu valor e sua importância. Neste período de pandemia, ficou clara a importância do sistema público de saúde e de todos os profissionais envolvidos”. Luiz também acredita na importância de boas condições de trabalho e na valorização dos servidores para que o atendimento à “população incrível dessa Cidade Maravilhosa” seja realizado com excelência.
O professor Luiz Felipe