“Foi muito difícil ver meus amores sendo atingidos por algo tão temido e desconhecido”.
A frase acima é o resumo doloroso de um momento marcante e complicado vivido, em 2020, pela servidora Rachel Martins de Oliveira, de 41 anos. Era início da pandemia do novo coronavírus no Brasil. No Rio de Janeiro, o avanço dos casos de infecção e o número de mortes já assustavam a população. O isolamento social havia sido recomendado e a cidade se preparava para medidas mais restritivas de combate ao vírus, como o bloqueio de bairros e o fechamento do comércio. As informações acerca do assunto ainda eram desencontradas e apenas uma coisa era real naquela época: o medo de entrar para a estatística.
Na família de Rachel, que é agente de administração e trabalha na Secretaria Municipal de Desenvolvimento, Emprego e Inovação-SMDEI, o primeiro a ser diagnosticado com a covid-19 foi o irmão, Ivanir Júnior, que é bombeiro militar. Em abril, ele descobriu a doença após uma crise aguda de sinusite. No mês seguinte, dona Silvia, 60 anos, mãe da servidora, apresentou os sintomas de uma gripe forte, mas a confirmação de que tratava-se de infecção por coronavírus veio através de um teste. Dona Silvia trabalha como babá. A essa altura, Rachel enfrentava a difícil realidade de lidar com o vírus dentro de casa e o abalo emocional de ver dois familiares doentes.
“Achamos que meu irmão foi infectado no trabalho. Minha mãe, não temos ideia”, conta.
O choque maior aconteceria duas semanas depois. Rachel e a filha, Anna Carolina, moram com a matriarca da família Martins. Todos os cuidados para evitar a disseminação do vírus foram adotados, mas a jovem, de 23 anos, testou positivo para covid após fortes dores de cabeça.
“Minha filha, muito provavelmente, pegou (o vírus) enquanto cuidava de minha mãe”, relembra.
Rachel não teve covid apesar de acompanhar de perto a luta do irmão, da mãe e da filha para vencer o coronavírus. Dona Silvia e Anna Carolina tiveram uma recuperação mais rápida. Já Ivanir Júnior, sentiu-se muito mal durante o enfrentamento à covid e precisou retornar ao hospital algumas vezes, embora não tenha necessitado de internação. Até hoje, o bombeiro sofre com cansaço.
“Lidar com tudo isso foi muito complicado. Porque o mundo não parou enquanto tudo acontecia. Outros problemas, tão grandes quanto, estavam acontecendo”, desabafa.
Para vencer momentos tão difíceis, Rachel usou a fé, modificou hábitos e redobrou os cuidados.
“Tivemos que nos superar, nos amar e nos cuidar todos os dias, pois ninguém tinha ou tem ideia dos desdobramentos. Cada dia vencido era literalmente uma vitória. O que nos manteve de pé, sem dúvidas, foi nossa fé em Deus e o amor que nos une. Foram momentos muito difíceis. A união da família, o cuidado e o amor foram fundamentais nesse enfrentamento. Focamos em uma alimentação forte e em orações. Sem deixar de lado os cuidados médicos”, explica a servidora que também contou com a solidariedade de amigos e colegas.
“O apoio dos colegas e amigos foi muito importante. Sempre preocupados e dispostos a ajudar caso precisássemos”, revela.
Hoje, seis meses depois do susto triplo, a agente de administração e a família permanecem com os hábitos adquiridos no auge da pandemia.
“Muito álcool 70% em casa, na bolsa. Com certeza lavamos também mais as mãos. Temos máscaras sempre na bolsa e no carro. Nossa alimentação continua reforçada. O hábito de deixar um calçado para rua e outro para dentro de casa, lavar as compras, entre outros”.
Diante da possibilidade da chamada segunda onda de covid-19, Rachel chama a atenção para o vírus que ainda faz vítimas e deixa marcas em muitas famílias.
“Se cuidem o máximo que puderem, façam cada um a sua parte, cuidem dos seus. Reforcem a alimentação e a hidratação. A covid é muito séria e pode ser fatal. Daqui para frente, teremos que conviver com essa e outras doenças. Mas o importante mesmo é o amor, a união da família e os amigos”, finaliza.