Era a primeira sexta-feira de abril. Naquela data, os sintomas apontavam apenas para um resfriado. Mas a dor no corpo e a febre que ia e voltava passaram a ser acompanhadas de um pouco de falta de ar. Com o estado de saúde debilitado, Jamilson Alfredo dos Santos, de 57 anos, que já estava com a imunidade baixa e em tratamento, decidiu ir ao hospital. Na unidade de saúde, no Engenho de Dentro, no subúrbio, o diagnóstico de Covid veio após um exame de tomografia, no qual fora constatado que grande parte do pulmão já estava comprometida por uma pneumonia. Jamilson foi transferido para outro hospital, e não imaginava que só voltaria para casa quase 20 dias depois.
“No primeiro dia, fiquei na enfermaria e, como a falta de ar não melhorou, fui encaminhado para a UTI,” conta.
Na unidade de tratamento intensivo, foram dias sem contato com a família. O subinspetor da GM-Rio relembra que precisou ter, segundo ele, uma força mental muito grande para enfrentar a gravidade da situação. Para piorar, ele não se adaptou à alimentação prescrita no momento e perdeu bastante peso, cerca de nove quilos.
Enquanto Jamilson estava internado, o estado do Rio de Janeiro contabilizava, naquele período, mais de 500 mortes por Covid-19, e os cariocas acompanhavam a escalada do número de casos da doença. O servidor não sabia, mas muitos colegas de trabalho também estavam infectados e enfrentando o novo coronavírus. Depois de oito dias, ao apresentar uma discreta melhora, o guarda municipal foi transferido para a enfermaria, onde ficou por mais nove dias.
A alta médica veio em 27 de abril, mesmo sem Jamilson estar totalmente recuperado, já que apresentava fraqueza muscular, dor nas pernas e insônia. Mas deixar o hospital naquele dia foi um dos momentos mais marcantes na vida do servidor, que está há 29 anos na Prefeitura do Rio.
“A felicidade foi intensa pois não parava de pensar na minha família, em especial, na minha filha Alícia, de 3 anos e três meses. Chegando em casa, fui recebido com muito amor e carinho, o que me ajudou na recuperação”.
O subinspetor, lotado na Coordenadoria Regional da Zona Norte, revela que alguns familiares que tiveram contato com ele antes da internação, tiveram sintomas leves da doença, mas não foram testados. Hoje, ele afirma que está 100% recuperado e até incluiu a natação na rotina para fortalecimento muscular da coluna. Diz ainda que passou a dar mais valor às coisas simples da vida. A mensagem que ele deixa é de esperança e confiança.
“Em nenhum momento me desesperei, pois no meu coração eu sentia Deus. Ele sabia que eu tinha muitas coisas para realizar e que tudo iria passar”, finaliza.