Filho único, Cristiano Chame sempre teve ligação forte com o pai, o ortopedista Claudio Chame. Seguir a mesma profissão foi um desejo que surgiu logo na infância, quando pedia roupas e sapatos brancos de presente para ter o mesmo figurino paterno. O menino, no entanto, não estava de brincadeira. Ele chegou à faculdade de medicina e os dois se tornaram colegas de trabalho no Hospital Municipal Miguel Couto, no Leblon, onde construíram uma trajetória profissional parecida, com uma diferença: Cristiano agora é quem enche o pai de orgulho por ter chegado ao cargo de diretor da unidade, reconhecida como a maior emergência em ortopedia do Rio. A história desses servidores da Prefeitura faz parte do especial em homenagem ao Dia dos Pais, comemorado neste domingo (14/08).
– Antigamente eu era o filho do Dr. Chame, agora ele é o pai do Dr. Chame. Sempre foi minha escolha fazer medicina, não havia outra opção, e para ele foi motivo de orgulho eu ter chegado ao cargo máximo do hospital – conta Cristiano, de 43 anos.
Conquistar essa posição, no entanto, não foi fácil. Como muitos pais e filhos que seguem a mesma carreira e trabalham juntos, as comparações acabam sendo inevitáveis e, com a dupla, não foi diferente.
– Entrei no hospital em 2004. A residência é uma prova, mesmo assim sabia que algumas pessoas achariam que eu seria protegido. Mas estava ali para crescer pelos meus próprios meios. Não é fácil chegar num hospital, sendo que ele estava lá há anos, já era reconhecido, querido por todos. A expectativa das pessoas era muito grande – disse o diretor, que ocupou outros cargos de gestão na unidade, como a chefia de centro cirúrgico.
Para o pai, o filho sempre mostrou capacidade de liderança. E, sim, hoje é um bom chefe:
– Se um filho chega ao topo de uma carreira você chega junto. Ele começou seguindo meus passos, foi o primeiro colocado na prova de residência, e hoje é meu chefe. A forma como você entra por uma porta é fundamental, porque é assim que você será visto durante sua carreira. Depois da residência, fez concurso e entrou para o hospital. Esse era um objetivo dele e um desejo meu, trabalharmos no mesmo lugar. Hoje também somos parceiros em nossa clínica.
Apesar de o interesse pela medicina ter surgido ainda na infância, o pai reforça que esse sempre foi um desejo do filho, sem pressão em casa.
– Nunca foi imposto. Se ele quisesse seguir outra profissão estaria tudo bem, eu só queria que fosse feliz – garante Dr. Claudio Chame, aos 70 anos, ainda em atividade no Miguel Couto, sem previsão de parar: – Sou tão realizado no que faço que só saio quando não puder mais trabalhar.
Pai da Letícia, de 10 anos, Cristiano diz que a menina ainda não mostra vocação para a medicina, que também é a profissão da mãe. Mas ela já conhece o hospital, que é praticamente a segunda casa da família.
– Por enquanto ela diz que não será médica, reclama que só me vê no celular trabalhando – conta o médico, que neste domingo estará de folga, ao lado da filha e do pai: – Será um dia muito especial. Dia dos Pais é sagrado, uma data para valorizar a vida e estar com as pessoas queridas.