Guarda municipal, bailarino e coreógrafo: conheça o servidor que concilia carreiras e ainda comanda projeto social com 300 alunos

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Nildo Muniz: guarda municipal, bailarino, coreógrafo e professor.

O gosto musical entre os anos 70 e 80 já indicava um carinho especial pela dança. Na tela, clássicos como Grease- Nos Tempos da Brilhantina, Os Embalos de Sábado à Noite, Footloose e Flashdance. Naquela época, os astros do cinema, John Travolta e Kevin Bacon, ditavam moda e ritmo. Foi neste mesmo período que Nildo Muniz aprendeu a conciliar a delicadeza das sapatilhas com a rusticidade dos coturnos militares. Foram seis anos na Brigada Paraquedista do Exército, como cabo, e cinco anos de aprendizado na mais importante instituição de ensino de balé do Brasil, a Escola de Dança Maria Olenewa, do Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

 

É assim que começa a história de vida do servidor Nildo, que há 25 anos, trabalha na Guarda Municipal. Formado em Educação Física e pós-graduado em Dança, ele traz ainda no currículo a experiência de 35 anos como bailarino profissional e outros 10, como coreógrafo, com apresentações nos Estados Unidos, Caribe, Europa e Ásia, além de musicais na televisão. O concurso público para integrar a GM-Rio surgiu no retorno de uma das viagens ao exterior. Mas as sapatilhas de ponta nunca ficaram de lado. Elas ganharam protagonismo na corporação e mudaram a vida de Nildo e de centenas de crianças da zona oeste, onde nasceu a Companhia de Ballet Nildo Muniz.

Há 11 anos, o projeto social é realizado no Centro Esportivo Miécimo da Silva, em Campo Grande, e oferece aulas gratuitas de balé para 300 alunos, entre 7 e 21 anos, nas categorias infantil, juvenil e adulto. O professor Nildo também coordena uma equipe com 45 alunas.

“Já fizemos várias apresentações e participamos de muitos festivais com muitas premiações. Muitas alunas já são profissionais da dança e professoras. Esse sucesso é gratificante, mas não sobe à cabeça. Eu queria ter recursos pra mostrar muito mais. Já fizemos uma pequena temporada com o espetáculo “Gênesis- A Criação”, no Centro Coreográfico da Cidade e foi um sucesso. Esse é um legado que vou deixar para elas”, afirma o guarda municipal.

Em 2018, o projeto social coordenado pelo coreógrafo, conquistou 12 premiações na 10ª edição do festival Dançando com Raça, realizado no teatro Antônio Fagundes, na Barra da Tijuca, zona oeste da cidade.

Conciliar duas profissões tão diferentes não é tarefa complicada para Nildo, de 50 anos, graças à disciplina adquirida na carreira de militar. Difícil mesmo é enfrentar a falta de recursos financeiros para manter o projeto, que não tem patrocínio e recebe pouca ajuda. Até o próprio benefício do FGTS já foi usado para suprir necessidades da companhia.

“Com meu dinheiro uniformizei a equipe, comprei linóleo, que é um piso apropriado para dançar e fazer aula, barra móvel, figurinos”, revela.

Quando o assunto é a dedicação aos alunos do projeto, o servidor vai além das orientações passadas em sala de aula. Nildo se preocupa com os mínimos detalhes para que todos estejam confortáveis e sejam acolhidos.

“Eu tenho de tudo na minha sala. O que perguntar, eu tenho. Tenho desodorante, sabonete, absorvente, pasta de dente, prendedor de cabelo, lixa de unha e etc”, explica o professor que, apesar de não ter filhos, cuida como um paizão de cada integrante do projeto.

Com muito orgulho da trajetória da companhia, Nildo faz questão de destacar que muitos alunos já saíram do Miécimo para dançar e viver no exterior.

“Tenho aluno que está no Royal Ballet School, na Inglaterra”, afirma.

Por causa da pandemia do novo coronavírus, as aulas no complexo esportivo, em Campo Grande, hoje acontecem ao ar livre. Nildo não teve covid. No retorno ao novo normal, ele espera mais empatia entre as pessoas.

“Que o ser humano pense no que pode acontecer com todo mundo. Não importa quem é pobre, quem é rico, quem é negro, quem é branco. Todo mundo está na mesma situação”, destaca.

Aos colegas servidores, o bailarino deixa a mesma mensagem que costuma passar às alunas.

“Vou falar o que sempre digo para minhas alunas: disciplina, disciplina e disciplina”, finaliza.

 

Companhia de Ballet Nildo Muniz. Foto: arquivo pessoal.

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