Regente do coral da Prefeitura há 26 anos usa tecnologia para manter as atividades durante a pandemia

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“Quem canta, seus males espanta”. A máxima popular nunca fez tanto sentido quanto agora para o Atrás da Nota, o coral da Prefeitura. Com 26 anos de existência, o grupo não emudeceu diante da pandemia e mesmo com encontros virtuais, conseguiu uma maneira de sobreviver. Um orgulho para o maestro Mário Assef, de 64 anos, regente desde a criação do coral, que reúne servidores e ex-servidores do município.

– Não tem sido fácil. Nada substitui os encontros presenciais. Mas diante da impossibilidade disso acontecer, usamos a tecnologia. Primeiro, a gente escolhe o repertório. Depois, grava-se a base musical, que é mandada para os cantores. Eles estudam a música, gravam suas vozes e mandam de volta. Recolhemos cada uma delas e, então, se faz uma edição de áudio até que possamos juntar todas para o resultado final – conta o maestro, que comanda, atualmente, um coro de 40 pessoas, mas acredita que nesses anos todos, cerca de uns 300 servidores já soltaram a voz.

Tal manobra para não perder o compasso começou em março de 2020. Com mais de mil apresentações no currículo, inclusive com participações em festivais no Chile e México, o Atrás da Nota se sentiu ainda mais motivado em se manter vivo.

– A última vez que nos encontramos pessoalmente foi dia 24 de março do ano passado. Desde então, os coralistas ficaram ainda mais unidos. Temos muita história, seria inviável emudecermos com a pandemia. Ela nos reinventou, na verdade.  A música tem esse poder – acredita Assef, que traz um sorriso na voz ao pontuar o estilo eclético de seus pupilos:

– Como são servidores de diversos locais do Rio, não poderíamos nos limitar a um estilo musical apenas. Então, cantamos bossa-nova, samba, MPB… E, eventualmente, quando éramos convidados por orquestras de igrejas, apresentávamos nosso repertório sacro e erudito.

Aposentadoria e voluntariado

Apesar dos anos dedicados ao coro, Assef está de partida. Além de ser professor de música concursado da Prefeitura, ele também  dá aula na Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), e decidiu se aposentar do município para ter mais tempo na universidade, onde atua como professor de música do CAP-Uerj, na regência do projeto Coral Uerj e à frente da coordenadoria de música da unidade superior de ensino.

– Tive que tomar essa decisão para poder assumir a carreira de docente e a coordenação de música com dedicação exclusiva. A progressão da carreira acadêmica sem entrega única fica muito prejudicada – afirmou o maestro, que enquanto espera a nomeação da regente Beatriz Rodrigues, que seguirá com o trabalho com o Atrás da Nota,  continua no coro como voluntário:

– Eu sou muito ligado à Prefeitura do Rio e ao coral. O dia que a Prefeitura não quiser mais o coro, eu quero! Vivi momentos inesquecíveis. Foram viagens nacionais  e internacionais, intercâmbios no exterior, além de shows e concertos de música clássica e MPB nos principais  teatros da cidade, hospitais e espaços públicos.

Tanta ligação não é para menos. Afinal, a história do Atrás da Nota e de Assef se misturam.  O engenheiro químico formado pela Uerj em 1980, sempre foi um apaixonado pela música. Trabalhou com engenharia por oito anos, levando a sua paixão em paralelo. E uma espiada mais atenta em seu currículo, dá para perceber uma trajetória dedicada mais intensamente ao estudo musical, com ênfase em regência. Foi justamente na volta de uma viagem à Alemanha, onde foi fazer um desses cursos de especialização, que o maestro recebeu o convite para montar um coral na Prefeitura.

– Fui indicado, na época, para a subsecretária de Administração, Vanice Valle, uma apaixonada pela atividade do canto coral. Nunca tinha trabalho no serviço público. Fui entrevistado por ela e fiquei encantado com a sua energia, que nada tinha a ver com burocracia. Foi assim que começou meu caminho como servidor, trajetória que tanto me orgulha – relembra Assef.

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