Ser engenheira florestal não estava nos planos de Cláudia França. A então estudante tinha dúvidas entre cursar Biologia ou Agronomia. Acabou escolhendo a segunda opção e estava prestes a fazer sua inscrição para o vestibular, pela Cesgranrio, quando tudo mudou: ao ler um folder esquecido em cima de uma bancada percebeu que sua missão era outra.
– Escolhi a profissão meio que na hora, no dia em que fui fazer inscrição para o vestibular, em 1988. Já estava certa de que faria Agronomia, mas quando li o que fazia uma engenheira florestal me identifiquei na hora: “É isso aqui que eu quero!”. Fiz o curso, me formei na UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro) e não me arrependo – afirmou Cláudia, de 50 anos, que está há 25 na Prefeitura, reunindo muitas histórias que a fazem ser uma das mulheres que fazem a cidade acontecer e uma das sete servidoras homenageadas em reportagens que serão publicadas até este domingo (14/03).
Uma delas foi a revitalização dos jardins do Parque do Flamengo, em 1999, projetado por Burle Marx, por ocasião de um importante encontro de líderes mundiais no Rio de Janeiro: a Cimeira América Latina e Caribe/União Europeia. Apaixonada pela recuperação ambiental e reflorestamento, Cláudia caiu de cabeça neste projeto.
– Fui convidada, junto com técnicos da Fundação Parques e Jardins, para atuar na fiscalização desse projeto de revitalização e tratamento paisagístico do Parque do Flamengo por conta desse evento. Era um trabalho grande e minucioso, nada podia fugir ao projeto Burle Marx. A gente fez toda a revitalização, o tratamento fitossanitário, porque muitas árvores estavam doentes. Foi uma experiência muito gratificante – relembrou a engenheira: – Depois da Cimeira, ainda ficamos um tempo, um ano ou dois no Parque do Flamengo. Para mim, foi algo novo e ao mesmo tempo gratificante. Aprendi bastante.
Cláudia diz que “cada reflorestamento tem a sua história” e que “a transformação da paisagem é o que mais a encanta no trabalho”. Natural, então, que seus olhos brilhem ao lembrar da ação feita no Jardim Independência, em Anchieta.
– É uma área muito difícil, perto do Chapadão. Quem solicitou o reflorestamento foi a Secretaria de Habitação, que fazia um programa de regularização de lotes, ela conseguiu reunir os moradores para que conhecessem o projeto e dessem uma força. Mas desde o início tivemos certa dificuldade. Tinha muito animal, fogo, lixo… Tinha tudo para o projeto não dar certo. Mas conseguimos. Ter visto aquela área degradada e ver hoje o que está lá consolidado, não tem preço – diz a engenheira, que demorou 8 anos para deixar a área reflorestada.
No ano em que completa bodas de prata no município, a servidora sorri ao lembrar que entrou para a Prefeitura meio sem querer.
– Formei em 1994, estava fazendo especialização e aí surgiu concurso da Prefeitura no início de 1996. Resolvi fazer de forma despretensiosa. Entrei e vim direto para a Coordenadoria de Recuperação Ambiental, que não existe mais. Trabalhava com ações de recuperação ambiental, com reflorestamento… já tinha feito um estágio nesta área, na serra de Madureira, tinha trabalhado na recuperação de bacias hidrográficas, no Norte Fluminense. Sempre mexendo com recuperação – conta a engenheira.
Então, entre supervisões de projetos de reflorestamento, fiscalização, licenciamento e educação ambiental, Cláudia viu a oportunidade para Gerência de Manejo Florestal, da Coordenadoria de Recuperação de Áreas Degradadas chegar em 2003. Ficou na função até 2016.
– Saí porque achei que já tinha dado meu tempo de gerência e queria dar a oportunidade aos colegas. Mas retornei em 2017 ficando até o ano seguinte, quando pedi para preparar uma outra pessoa para eu poder sair tranquila. Estava sentindo a necessidade de voltar a campo, tocar os projetos. Aqui dentro a gente fica mais ligado na administração, planilhas, gerência de todos os projetos. Mas continuo aqui dando apoio – conta Cláudia, que atualmente acompanha projetos do Programa Mutirão Reflorestamento.