Há 36 anos na Prefeitura, Eliane Reis já passou por alguns órgãos municipais. Começou pela Fundação Parques e Jardins, fazendo visita guiada com estudantes no Campo de Santana, deu expediente em áreas como a extinta Fundação Rio Esporte e a Secretaria de Governo, mas há 12 anos sua função está relacionada ao atendimento a idosos. Ouvidora da Secretaria Municipal de Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida, ela trabalha com muito cuidado e atenção, e as histórias que colecionou na última década provam isso. A última é bem recente, aconteceu nesta quinta-feira (10/03).
Ao acompanhar o caso de uma paciente internada no Hospital Souza Aguiar, foi chamada por uma senhora que pedia ajuda, pois estava de alta e a unidade não conseguia mais contato com a família. Na conversa, descobriu ser quase vizinha dos parentes daquela mulher, prontificou-se para passar no local e, hoje, dar retorno à equipe de saúde. Eliane é uma das sete profissionais do município que estão tendo suas histórias contadas até domingo (13/03) em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, comemorado terça-feira (08/03).
– Faço o que eu gosto. Tenho uma mãe de 92 anos, perdi uma mãe de coração aos 82 anos, e sempre cuidei delas. Sempre amei trabalhar com idoso, digo que vou me aposentar e fico adiando – diz Eliane, de 60 anos.
Como ouvidora, Eliane costuma receber demandas de idosos em relação a serviços prestados pelo município. E, muitas vezes, as histórias que chegam preocupam a servidora. Há denúncias de negligência, que passam a ser acompanhadas pela Secretaria de Assistência Social e, em alguns casos, pela Secretaria de Saúde. Algumas situações são verificadas de perto por ela, que também visita os idosos. É nessa hora que aquele cidadão vira amigo.
– Uma idosa tinha me adicionado no Facebook e, pela rede social, soube que minha mãe de coração havia falecido. No dia do sepultamento ela foi ao velório com a família, disse que precisava me dar apoio naquele momento – lembra Eliane.
Alguns idosos têm o celular da servidora e de vez em quando ligam para conversar, desabafar. Outros já levaram presentes inusitados para Eliane, como frutas, em agradecimento ao serviço prestado. E, assim, a “família” vai crescendo.
– As pessoas que são assistidas pela secretaria mantêm contato. Uma senhora que já acompanhei agora vai fazer 80 anos e me mandou o convite para o aniversário. Disse que se está viva é por minha causa – conta Eliane.
Mãe de três filhos – sendo dois do primeiro casamento -, e com cinco netos, nos últimos meses a servidora precisou reorganizar a vida para dar colo a dois filhos de coração. O ex-marido, que havia ficado viúvo, também faleceu recentemente deixando um casal de adolescentes para Eliane criar:
– É isso o que acontece na vida. Você vai agregando, agregando, acha que não vai aguentar, mas Deus dá força. A mulher do meu ex-marido era filha única, e com a morte dos dois eu assumi os filhos deles, de 17 e 13 anos. Hoje em dia me pego ensinando algarismo romano para a mais nova. Mas é bom, ajuda a ativar minha memória. E tem um ditado que diz, não é mesmo? Quem não vive para servir não serve para viver. E eu acredito nisso.