Servidor há 25 anos, Nildo Muniz se orgulha de sua trajetória dividida entre a Guarda Municipal e o balé

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Nildo Muniz nem estranha mais a expressão de surpresa das pessoas quando diz que é guarda municipal e bailarino. Servidor há 25 anos, ele se orgulha de ter conseguido conciliar sua função na GM com a dança, paixão de sua vida há mais de 35 anos. Ao conduzir as duas profissões lado a lado com maestria, ele ainda realizou um sonho: a criação da Companhia de Ballet Nildo Muniz, que funciona no Centro Esportivo Miécimo da Silva, em Campo Grande, e já mudou a trajetória de crianças e jovens da região.

– Dou aula de balé, gratuita, há 14 anos no Miécimo. Tenho cerca de 300 alunos e uma equipe de alto rendimento com 54. Sinto muito orgulho por ter descoberto tantos talentos. Um dos meus alunos, Nico, está no Royal Ballet School, na Inglaterra. Tenho outras alunas que estão fora, na China, nos EUA. E têm as que eu chamo de prata da casa: as meninas que começaram comigo, aos 10 anos, e que, hoje, aos 20, são profissionais e professoras do Centro Esportivo – conta Muniz, emocionado, ao se referir a Mariana Braga, Luana Aguiar e Larissa Quarterole.

A dedicação aos pupilos é tão grande que o professor, formado em Educação Física e pós graduado em dança, investe do próprio bolso para vê-los brilharem, já que tem pouca ajuda. Já foi capaz de usar seu FGTS para cobrir despesas da companhia.

– Com meu dinheiro de guarda municipal, uniformizei a equipe, comprei linóleo, que é um piso apropriado para dançar e fazer aula, barra móvel, figurinos. Não tenho verba. Além disso, tenho tudo que as meninas precisam desde higiene pessoal a acessórios – conta Muniz, que dá expediente diário no Centro Esportivo, de 8h às 17h, e só depois treina a equipe de alto rendimento até às 20h.

– Para entrar pra equipe tem que conquistar o uniforme. Eles não pagam, eu é que dou. Tenho turmas infantil (8 a 12 anos), infanto-juvenil (12 a 14 anos), juvenil (14 a 18) e adulto (18 para cima) também na equipe.

Apesar de distintas, as profissões têm em comum a disciplina, tão bem conhecida por Muniz mesmo antes de entrar na dança.

– Fui cabo paraquedista por seis anos. Quando estava entrando para o Exército, fui assistir a uma apresentação de jazz da minha irmã e fiquei encantado. E comecei a fazer aula. Desde essa época, já conciliava a dança com o quartel. Era uma loucura. Porque saía correndo para ter aulas na escola de dança Maria Olenewa, do Theatro Municipal, e na Carlota Portella. Já cheguei a ir fardado, por não ter dado tempo de trocar de roupa – relembrou o bailarino, que durante dois anos, foi do corpo de baile do Theatro Municipal.

Almejando novos ares, Muniz conta que queria trabalhar viajando. Então, fez uma audição para fazer show brasileiro em um navio.

– Ele fazia a rota Caribe e me apresentei por seis meses. Depois, fui para outro que fazia Porto Rico, onde dancei por três meses. Foi uma experiência enriquecedora.

A inscrição para prova da Guarda Municipal aconteceu após chegar de uma turnê nos Estados Unidos. O professor se diverte ao lembrar que estava há pouco tempo na instituição quando recebeu um convite irrecusável.

– Tinha entrado na GM há três meses quando Claudia Raia me chamou para fazer um trabalho com ela. Era o programa na TV ‘Não fuja da Raia’. Mais uma vez correria para conciliar os ensaios com o trabalho da guarda. Eu tive muita sorte. Até na Brigada Paraquedista. Todos os meus superiores me liberaram para aulas, ensaios. E sou muito respeitado dentro da Guarda Municipal. Vários colegas acompanham meu trabalho, em eventos, faço apresentações com meus alunos. Nunca tive problema nenhum em conciliar essas duas vertentes da minha vida – afirmou Muniz, que não faz mais trabalho de patrulha, estando totalmente imbuído em seu trabalho no projeto social.

– Mas minha farda está sempre pronta para qualquer eventualidade – garantiu Muniz.

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