O gari Valdo Luís Marques conversou com o Portal do Servidor sobre o vídeo que viralizou nas redes sociais nos últimos dias

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Ele bailava com muita malemolência na Rua São José, no Centro do Rio. Na última sexta-feira (02), Valdo Luís Marques da Conceição, de 53 anos, dançava, sem saber que estava sendo filmado, com sua inseparável companheira nos braços. Naquele momento, a música interpretada belamente pelo saxofonista Emerson Araújo, artista de rua, era Flor de Lis, de Djavan. Fazia um calor de 42 graus na cidade, era hora do almoço. O gari já se preparava para sair do local, seu setor diário, quando reparou que ainda havia lixo próximo à Avenida Rio Branco e decidiu fazer a varrição ao som do clássico da MPB. A maestria dos passos leves em sintonia com a vassoura e o trabalho, chamou a atenção de muitas pessoas, e Valdo não imaginava que aquela cena seria compartilhada com tanta gente. Somente no dia seguinte, ele descobriu, através do chefe, que estava famoso.

PS- Como descobriu que um vídeo com você viralizou na internet?

Valdo– “Meu chefe me chamou na sala dele e, prontamente, fui atendê-lo. Lá, ele disse que estava rolando um vídeo nas redes sociais, mas que ainda não sabia qual a dimensão da repercussão. Mas que pessoas estavam se inspirando pois eu estava ali trabalhando, sorrindo, equipado, mantendo a minha rotina normalmente, mas com toda alegria, e esse é o foco”.

Casado há 28 anos e pai de uma universitária, o servidor, que trabalha há quase duas décadas na Prefeitura do Rio, diz que chegou a comentar em casa sobre a jornada naquela sexta-feira, mas sem entrar em muitos detalhes.

PS– E como foi a repercussão em casa?

Valdo– “Muita surpresa, apesar deles saberem como é o meu dia a dia, que eu sou falador, comunicativo. Foi essa propagação, esse mix de emoção, entusiasmo, orgulho”.

PS- Você ainda está surpreso com o sucesso daquela dança despretensiosa?

Valdo- “Surpreso totalmente! Problemas todos têm, mas eu os deixo em casa, os deixo na gaveta. O contribuinte, o transeunte não tem nada a ver com os meus problemas. O que eu posso transferir para eles? É manter a cidade limpa com alegria.”

A performance ganhou não apenas as redes sociais e a família do morador de São Gonçalo, região Metropolitana do Rio. A dança também arrancou aplausos de colegas de trabalho, como o famoso gari Renato Feliciano Lourenço, o Renato Sorriso, conhecido mundialmente como símbolo carioca de simpatia.

Renato Sorriso– “Valdo já está abençoado, batizado, coroado e sapateando! Dezenas de pessoas me mandaram o vídeo dele e eu achei fantástico. Liguei para ele e parabenizei pela espontaneidade. Imagina, voltar no tempo e lembrar que, há 40 anos, os garis eram figuras invisíveis no Rio. Ninguém respeitava esses profissionais. Hoje, pessoas como o Valdo, mostram para nossa sociedade que todos podem ser felizes executando com dignidade qualquer tarefa. Ele mostra para o mundo que somos alegres com a vassoura na mão. Essa é a verdadeira importância dessa dançadinha que ele deu”.

Renato Feliciano Lourenço, o Renato Sorriso. Arquivo Comlurb.

Valdo– “Não vai existir outro Pelé, outro Garrincha, outro Roberto Carlos e nem outro Renato Sorriso. Ele foi um divisor de águas na nossa empresa. As pessoas nos veem com outro olhar devido ao carisma desse cara (Sorriso). Ele passou pelo planeta, né? A rainha da Inglaterra chamou o cara lá. Tem que respeitar! Nós devemos a ele toda nossa consideração, todo nosso respeito”.

O exímio dançarino confessa que é eclético quando o assunto é música. Gosta de Beethoven, forró, especialmente de Luiz Gonzaga-o Rei do Baião, Fundo de Quintal e, claro, Djavan. Aliás, ele admite que a canção que embalou o flagrante com a vassoura, já virou música-chiclete, ou seja, não sai da cabeça.

Sobre o momento de enfrentamento à pandemia, Valdo, que trabalha na linha de frente de combate ao coronavírus, faz questão de destacar todos os cuidados que devemos ter para evitar a contaminação, como lavar bem as mãos e os antebraços.

Para finalizar, perguntamos ao gari, que passou o dia cercado de repórteres e concedeu dezenas de entrevistas, se nasce uma nova estrela na querida Comlurb.

Valdo e o saxofonista Emerson Araújo da Silva durante a gravação de uma reportagem.

Valdo- (Risos) “Olha, o universo é enorme! Eu acho que todo funcionário da Comlurb, todo trabalhador é estrela. É cada um com o seu brilho. Então, que levemos isso em conta. Pés no chão sempre e foquemos no nosso trabalho, fazendo a alegria do povo. Que nós façamos essa manutenção da cidade com orgulho. A estrela maior está dentro da gente”, conclui.

Veja o vídeo!

 




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