ESPAÇO DO SERVIDOR

A Secretaria Especial de Políticas e Promoção da Mulher está fazendo uma pesquisa com as servidoras do município. Batizada de ‘Mulheres na Prefeitura’, a consulta pretende ter um diagnóstico sobre como as funcionárias (quadro efetivo, extraquadro e terceirizada) refletem sobre suas carreiras e sobre si mesmas. O formulário pode ser acessado pelo http://bit.ly/MulheresNaPrefeituraRIO. A pesquisa está aberta até o dia 25/04. As respostas do formulário irão ajudar a mapear quais os desafios que as mulheres da Prefeitura enfrentam no trabalho. Com isso, a secretaria poderá propor diversas soluções conjuntas, com outras pastas, no que diz respeito às questões de gênero, desenvolvimento pessoal e promoção da mulher.
  “Quem canta, seus males espanta”. A máxima popular nunca fez tanto sentido quanto agora para o Atrás da Nota, o coral da Prefeitura. Com 26 anos de existência, o grupo não emudeceu diante da pandemia e mesmo com encontros virtuais, conseguiu uma maneira de sobreviver. Um orgulho para o maestro Mário Assef, de 64 anos, regente desde a criação do coral, que reúne servidores e ex-servidores do município. – Não tem sido fácil. Nada substitui os encontros presenciais. Mas diante da impossibilidade disso acontecer, usamos a tecnologia. Primeiro, a gente escolhe o repertório. Depois, grava-se a base musical, que é mandada para os cantores. Eles estudam a música, gravam suas vozes e mandam de volta. Recolhemos cada uma delas e, então, se faz uma edição de áudio até que possamos juntar todas para o resultado final – conta o maestro, que comanda, atualmente, um coro de 40 pessoas, mas acredita que nesses anos todos, cerca de uns 300 servidores já soltaram a voz. Tal manobra para não perder o compasso começou em março de 2020. Com mais de mil apresentações no currículo, inclusive com participações em festivais no Chile e México, o Atrás da Nota se sentiu ainda mais motivado em se manter vivo. – A última vez que nos encontramos pessoalmente foi dia 24 de março do ano passado. Desde então, os coralistas ficaram ainda mais unidos. Temos muita história, seria inviável emudecermos com a pandemia. Ela nos reinventou, na verdade.  A música tem esse poder – acredita Assef, que traz um sorriso na voz ao pontuar o estilo eclético de seus pupilos: – Como são servidores de diversos locais do Rio, não poderíamos nos limitar a um estilo musical apenas. Então, cantamos bossa-nova, samba, MPB… E, eventualmente, quando éramos convidados por orquestras de igrejas, apresentávamos nosso repertório sacro e erudito. Aposentadoria e voluntariado Apesar dos anos dedicados ao coro, Assef está de partida. Além de ser professor de música concursado da Prefeitura, ele também  dá aula na Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), e decidiu se aposentar do município para ter mais tempo na universidade, onde atua como professor de música do CAP-Uerj, na regência do projeto Coral Uerj e à frente da coordenadoria de música da unidade superior de ensino. – Tive que tomar essa decisão para poder assumir a carreira de docente e a coordenação de música com dedicação exclusiva. A progressão da carreira acadêmica sem entrega única fica muito prejudicada – afirmou o maestro, que enquanto espera a nomeação da regente Beatriz Rodrigues, que seguirá com o trabalho com o Atrás da Nota,  continua no coro como voluntário: – Eu sou muito ligado à Prefeitura do Rio e ao coral. O dia que a Prefeitura não quiser mais o coro, eu quero! Vivi momentos inesquecíveis. Foram viagens nacionais  e internacionais, intercâmbios no exterior, além de shows e concertos de música clássica e MPB nos principais  teatros da cidade, hospitais e espaços públicos. Tanta ligação não é para menos. Afinal, a história do Atrás da Nota e de Assef se misturam.  O engenheiro químico formado pela Uerj em 1980, sempre foi um apaixonado pela música. Trabalhou com engenharia por oito anos, levando a sua paixão em paralelo. E uma espiada mais atenta em seu currículo, dá para perceber uma trajetória dedicada mais intensamente ao estudo musical, com ênfase em regência. Foi justamente na volta de uma viagem à Alemanha, onde foi fazer um desses cursos de especialização, que o maestro recebeu o convite para montar um coral na Prefeitura. – Fui indicado, na época, para a subsecretária de Administração, Vanice Valle, uma apaixonada pela atividade do canto coral. Nunca tinha trabalho no serviço público. Fui entrevistado por ela e fiquei encantado com a sua energia, que nada tinha a ver com burocracia. Foi assim que começou meu caminho como servidor, trajetória que tanto me orgulha – relembra Assef.
Neste domingo (14/03), Sandra Helena Lima Polo completa 61 anos. Como a maioria das brasileiras e dos brasileiros, nos últimos 12 meses, com o início da quarentena, ela teve que se adaptar para dar conta de um novo aprendizado: fazer home office. Assistente social da Secretaria de Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida, essa especialista em geriatra e gerontologia desenvolve trabalhos voltados para os idosos, uma atividade que sempre foi presencial mas, diante da nova realidade, teve que migrar para o mundo virtual.  Sandra, que precisou se reinventar na carreira, é uma das mulheres que fazem a cidade acontecer e uma das sete servidoras homenageadas numa série de reportagens que termina neste domingo. O celular passou a ser a principal ferramenta de trabalho de Sandra, que começou a pensar em projetos que ajudassem a manter a qualidade de vida dos idosos durante a pandemia: – A Covid-19 afetou muito os idosos, tivemos que suspender por um tempo as visitas presenciais. Por isso a necessidade de fazer o acompanhamento deles online, por telefone, oferecer videoaulas, encaminhar para serviços de saúde e previdência. A violência doméstica contra o idoso também foi motivo de preocupação nos últimos meses. Queixas de solidão e a necessidade de eles terem com quem conversar também estiveram em pauta. Pensando nesses temas, Sandra aproveitou para desengavetar um projeto antigo, de oferecer um serviço público de cuidador de idosos. – Isso depende da questão orçamentária. Mas é um serviço interessante. A população idosa é a que mais cresce. Poder manter essas pessoas sob cuidados, em casa, melhoraria muito a qualidade de vida delas. Atualmente existe o projeto Idoso em Família, que concede benefício para eles terem uma pequena renda, isso também facilita a permanência deles com a família. Na casa de Sandra, o home office foi um desafio pessoal. Ela precisou se organizar para dar conta das atividades profissionais e das tarefas domésticas, que aumentaram durante a pandemia. Até o começo da quarentena, o pai e uma sobrinha moravam com ela. Mas ele agora tem passado uns tempos em Friburgo e a jovem, que veio estudar no Rio, com a suspensão das aulas presenciais voltou para a família. Sandra agora divide o imóvel com sua gata. – No começo foi assustador, mas depois veio o aprendizado. Sou uma pessoa que vive bem sozinha. Aproveito minhas noites para ler, assistir a um filme. Meu desejo agora é que as pessoas aprendam mais sobre solidariedade. Acho que muitos ainda não entenderam o significado disso – afirma Sandra, que aos poucos está retomando o trabalho presencial.
  Ser engenheira florestal não estava nos planos de Cláudia França. A então estudante tinha dúvidas entre cursar Biologia ou Agronomia. Acabou escolhendo a segunda opção e estava prestes a fazer sua inscrição para o vestibular, pela Cesgranrio,  quando tudo mudou: ao ler um folder esquecido em cima de uma bancada percebeu que sua missão era outra. – Escolhi a profissão meio que na hora, no dia em que fui fazer inscrição para o vestibular, em 1988. Já estava certa de que faria Agronomia, mas quando li o que fazia uma engenheira florestal me identifiquei na hora: “É isso aqui que eu quero!”. Fiz o curso, me formei na UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro)  e não me arrependo – afirmou Cláudia, de 50 anos, que está há 25 na Prefeitura, reunindo muitas histórias que a fazem ser uma das mulheres que fazem a cidade acontecer e uma das sete servidoras homenageadas em reportagens que serão publicadas até este domingo (14/03). Uma delas foi a revitalização dos jardins do Parque do Flamengo, em 1999, projetado por Burle Marx, por ocasião de um importante encontro de líderes mundiais no Rio de Janeiro: a Cimeira América Latina e Caribe/União Europeia. Apaixonada pela recuperação ambiental e reflorestamento, Cláudia caiu de cabeça neste projeto. – Fui convidada, junto com técnicos da Fundação Parques e Jardins, para atuar na fiscalização desse projeto de revitalização e tratamento paisagístico do Parque do Flamengo por conta desse evento. Era um trabalho grande e minucioso, nada podia fugir ao projeto Burle Marx. A gente fez toda a revitalização, o tratamento fitossanitário, porque muitas árvores estavam doentes. Foi uma experiência muito gratificante – relembrou a engenheira:  – Depois da Cimeira, ainda ficamos um tempo, um ano ou dois no Parque do Flamengo. Para mim, foi algo novo e ao mesmo tempo gratificante. Aprendi bastante. Cláudia diz que “cada reflorestamento tem a sua história” e que “a transformação da paisagem é o que mais a encanta no trabalho”. Natural, então, que seus olhos brilhem ao lembrar da ação feita no Jardim Independência, em Anchieta. – É uma área muito difícil, perto do Chapadão. Quem solicitou o reflorestamento foi a Secretaria de Habitação, que fazia um programa de regularização de lotes, ela conseguiu reunir os moradores para que conhecessem o projeto e dessem uma força. Mas desde o início tivemos certa dificuldade. Tinha muito animal, fogo, lixo… Tinha tudo para o projeto não dar certo. Mas conseguimos. Ter visto aquela área degradada e ver  hoje o que está lá consolidado, não tem preço – diz a engenheira, que demorou 8 anos para deixar a área reflorestada. No ano em que completa bodas de prata no município, a servidora sorri ao lembrar que entrou para a Prefeitura meio sem querer. – Formei em 1994, estava fazendo especialização e aí surgiu concurso da Prefeitura no início de 1996. Resolvi fazer de forma despretensiosa. Entrei  e vim direto para a Coordenadoria de Recuperação Ambiental, que não existe mais. Trabalhava com ações de recuperação ambiental, com reflorestamento…  já tinha feito um estágio nesta área, na serra de Madureira, tinha trabalhado na recuperação de bacias hidrográficas, no Norte Fluminense. Sempre mexendo com recuperação – conta a engenheira. Então, entre supervisões de projetos de reflorestamento, fiscalização, licenciamento e educação ambiental, Cláudia viu a oportunidade para Gerência de Manejo Florestal, da  Coordenadoria de Recuperação de Áreas Degradadas chegar em 2003. Ficou na função até 2016. – Saí porque achei que já tinha dado meu tempo de gerência e queria dar a oportunidade aos colegas. Mas retornei em 2017 ficando até o ano seguinte, quando pedi para preparar uma outra pessoa para eu poder sair tranquila. Estava sentindo a necessidade de voltar a campo, tocar os projetos. Aqui dentro a gente fica mais ligado na administração, planilhas, gerência de todos os projetos. Mas continuo aqui dando apoio – conta Cláudia, que atualmente acompanha projetos do Programa Mutirão Reflorestamento.
Suely Nunes é gari há nove anos. E foi varrendo o Boulevard Olímpico, onde dá expediente todos os dias, que ela descobriu uma nova habilidade: recuperar canteiros de plantas. Tanto que, nos últimos meses, trocou a vassoura por utensílios como pá, ancinho e regador para embelezar os jardins do entorno da Praça Mauá. Aos 55 anos, Suely é uma das mulheres que fazem a cidade acontecer e uma das sete servidoras homenageadas em reportagens que serão publicadas até domingo (14/03). Olhar os canteiros crescendo desordenadamente, cheios de folhas secas, devido ao fim do contrato com a empresa que fazia a manutenção na gestão passada, deixava Suely incomodada. Ela, que sempre cuidou muito bem das orquídeas que cultiva em casa, percebeu que podia contribuir com o embelezamento daqueles jardins. – Amo planta. Planta é tudo, é vida. Comecei tirando um matinho, limpando o canteiro quando varria a rua. Acabou virando uma função. E isso foi bom, porque passei a sentir dor na coluna durante a varrição, e cuidar do canteiro foi uma ótima maneira de me manter ativa – conta Suely.   Ligada à gerência que atende a Zona Portuária, a gari conta que conheceu a região bem antes de todas as transformações pelas quais passou nos últimos anos: –  Vi como era e como ficou. Não sabia se estava certa, mas não podia deixar aquelas plantas morrerem. Senti necessidade de cuidar delas. Perto de onde moro tem uma rua cheia de floriculturas. Sempre que passo por lá faço perguntas, pego dicas de como cuidar dos jardins. O trabalho de Suely tem chamado a atenção de quem passa pelo lugar, que é um dos pontos turísticos da cidade. Ela conta que muitas crianças param perto dela, enquanto trabalha, para elogiar a beleza das plantas: – Param perto de mim para dizer que está ficando bonito, elogiam e falam: se não fosse você… Mãe de três filhas, que já lhe deram seis netos e uma bisneta “linda”, como gosta de frisar, Suely também banca a coruja com seus canteiros. Costuma fotografar o antes e depois e mandar para a família. – Tinha uns tão secos que minha filha chegou a dizer que não tinha jeito. Depois mandei outra foto e perguntei: lembra daquele canteiro? Olha ela agora. Estava lindo – conta Suely, que tem seus truques para que o trabalho dê certo: – Converso com as plantas, digo que estão ficando bonitas, para continuarem assim. E, quando vem a chuva, elas ficam ainda mais vivas.
  Quando a professora Ana Soares teve sua filha, em 2010, ela entendeu que junto da pequena Elis nascia também uma mãe. A educadora já havia experimentado uma sensação parecida anos antes, na primeira semana em que dava aula no Ciep Manoel da Costa, em Cosmos. Recém-chegada ao corpo docente da escola, em 2002, aos 18 anos, após concurso para Prefeitura, Ana ficou atônita ao ser chamada de professora. – Caiu a minha ficha no quinto dia de aula. Era sexta-feira e estava naquele corredor comprido do Ciep,  quando  a menina da limpeza me chamou de longe: ‘Professora! Olha, já limpei a sua sala’. Apesar de eu ter dado aula a semana toda, o fato de ela ter me chamado de professora me fez sentir ali que eu nascia como educadora. Pensei: “Olha só a responsabilidade que eu tenho” – relata Ana, de 37 anos, cuja história inspiradora a faz ser uma das mulheres que fazem a cidade acontecer e uma das sete servidoras homenageadas em reportagens que serão publicadas até domingo (14/03). E essa responsabilidade só foi crescendo com o passar do tempo. Depois de um ano no Ciep, a professora foi transferida para a escola municipal Dom João VI, em Higienópolis, onde está há 18 anos. Foi na unidade de ensino que Ana, que sempre sonhou em ser professora, se encontrou. Encantada com os livros, ela não via dificuldade em inseri-los em suas aulas, a ponto da diretora da escola convidá-la para ser a responsável pela sala de leitura. Totalmente à vontade na função, a educadora desenvolveu, há 11 anos, o “Lê comigo”, projeto que promove leitura literária dentro e fora da escola, que lhe rendeu o Prêmio Paulo Freire, da Alerj, em 2019, como destaque por ações motivadoras na educação do país. Ana também foi finalista, no mesmo ano, do prêmio nacional Educador Nota 10. – Isso aconteceu por conta desta minha paixão pela literatura, mundo apresentado para mim por uma professora quando eu era estudante na rede municipal. Ao me tornar educadora, quis fazer o mesmo pelos meus alunos. Então, minha turma sempre se destacava com projetos desenvolvendo a leitura literária, nosso mural na sala era interativo, as crianças colocavam correspondências de poesias, livros… A diretora reparou que eu começava a aula sempre com uma história, às vezes, nem era contada por mim, mas por um aluno. E, assim, me chamou para assumir o sala de leitura. É onde me encontrei, onde me sinto muito à vontade. Ao ver os estudantes e a comunidade escolar envolvidos no projeto, Ana entende como uma missão a sua persistência em se tornar uma educadora. – Nunca pensei em ser outra coisa. Aquele sonho de ser professora que muitas crianças têm e é só uma brincadeira de infância, para mim sempre foi muito verdadeiro. Fiz a formação de professores no Colégio Estadual Júlia Kubitscheck, no Centro. E para minha alegria, no mesmo ano da minha formatura, em 2001, passei no concurso para Prefeitura, assumindo na função no ano seguinte. Por ter estudado em escola pública municipal, a professora, que também fez Faculdade de Pedagogia, queria muito ensinar nesta rede. E não esconde o orgulho de ter conseguido o feito. – O bom filho a casa torna. Estudei nas escolas municipais Barão de Macaúbas e Nereu Sampaio, as duas em Inhaúma, onde eu morava. Oriunda dessa rede, eu me formei professora para trabalhar nela. Foi a realização de um sonho – diz Ana, emocionada, sem esconder, no entanto, as dificuldades pelas quais passou no início da vida profissional: – Entrei em sala de aula e não foi fácil. A gente conta como se fosse um mar de rosas, mas não foi. Eu era uma aluna muito boa, mas quando me tornei professora, vi que tinha que começar do zero. O fato de eu saber não significava que sabia ensinar. Porque ali, na sala de aula, é o encontro de afetos, e muito mais do que saber uma matéria, é transmiti-la. O prazer de ensinar Se a pandemia chegou como um tsunami na vida escolar mundial, os educadores tiveram que reinventar uma maneira para que os estudantes não deixassem de aprender. O ensino remoto se mostrou essencial para levar os conteúdos escolares a milhões de alunos. E mesmo ensinando à distância, Ana se comove quando uma criança começa a ler e escrever suas primeiras palavras. – A gente está fazendo isso pela urgência e pelo respeito ao momento. Estamos do outro lado da tela, mas é contagiante a alegria das crianças quando descobrem a leitura de uma palavra. Acho que é uma troca de saber e de sabores que alimenta as duas partes. Não tem essa coisa da professora que ensina. A gente aprende o tempo inteiro – afirma a professora. – Um grande momento de ruptura e também de renascimento para essa criança é quando ela passa da fase que não sabe ler e nem escrever para aquela em que se apropria do significado desse código alfabético. É um dos ritos de passagem mais importantes na vida de todas as pessoas. Alfabetizar é entregar na mão do outro um poder muito precioso, poder do bem. E sentir que posso fazer parte desse processo sempre me deixou muito encantada.

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