ESPAÇO DO SERVIDOR

O convite para participar da criação do Heliponto Municipal soou como um desafio, mas não intimidou Valéria Olivieri, que aceitou trocar um emprego com futuro promissor numa multinacional por um trabalho que poderia durar apenas um ano. Mas isso aconteceu há quase três décadas, para orgulho dessa profissional formada em Letras (português / alemão) e experiência na área de turismo receptivo, que buscou especialização em aviação civil para planejar, coordenar e controlar o uso de helicópteros no ponto da Prefeitura, localizado na Lagoa. Valéria é uma das mulheres que fazem a cidade acontecer e uma das sete servidoras homenageadas em reportagens que serão publicadas até domingo (14/03). Há 29 anos na mesma função, à frente da Coordenadoria Municipal de Apoio Aéreo, Valéria costuma brincar, dizer que é o arquivo vivo do heliponto. E não é exagero. Na lista de operações comandadas por ela há voos durante enchentes na década de 1990 que isolaram regiões da cidade; após o desabamento de parte de um viaduto na Linha Vermelha; para verificar derramamento óleo na Baía de Guanabara e acompanhar a realização de eventos esportivos como Jogos Pan-Americanos, Copa do Mundo e Olimpíada. Devido à pandemia, o heliponto, que é subordinado à Secretaria de Ordem Pública, tem prestado um serviço importante de atendimento a helicópteros aeromédicos, pois num raio de sete quilômetros da base há 47 hospitais e casas de saúde. – No heliponto sou responsável pela primeira cadeira que entrou na sede, pelo primeiro relatório, pela primeira planilha de controle. É motivo de orgulho estar nele desde a fundação. Já chegamos a ter 22 mil operações aéreas num ano e até 90 empresas usando nossas instalações. Isso tudo com índice zero de acidentes e incidentes – diz Valéria, que só embarca em helicópteros como passageira. – Nunca aprendi a pilotar. Para aprender teria que mudar cidade, me afastar de casa. Preferi fazer cursos na área de aviação civil, junto ao comando da Aeronáutica, curso de gerenciamento de risco. Quando foi planejado, o heliponto tinha foco no turismo. Na época, a maioria dos hotéis da cidade estava na Zona Sul –  atualmente são cem hotéis com dez mil leitos num raio de cinco quilômetros da pista. Mas, para conhecer os cartões-postais cariocas de um ângulo mais alto, o visitante tinha que se deslocar até a Zona Oeste. – Sempre me interessei pela parte turística. É gratificante ver visitantes emocionados após conhecerem a cidade de cima. Hoje, a Prefeitura mantém um local de pouso, mas não tem helicópteros. Nem por isso deixa de voar. Para usarem a pista, as empresas cedem as horas de voo que o município precisa para, por exemplo, vistoriar encostas, o crescimento desordenado de comunidades, acompanhar áreas de desmatamento, fazer monitoramento de trânsito e transportar autoridades a serviço.
A busca por um emprego estável levou Fernanda dos Santos Jorge a prestar concurso para a Guarda Municipal. Aprovada na seleção há 14 anos, nos últimos seis ela dá expediente na 11ª Inspetoria (Parque Madureira), patrulhando a área de lazer da Zona Norte sobre duas rodas. Atrás da bicicleta sempre está Cotó, um cachorro caramelo de idade indefinida, mas que já rondava a unidade da GM quando Fernanda foi transferida para lá. Apaixonada por animais, ela não só ficou amiga do vira-lata como passou a dar atenção a outros bichos abandonados na região, ajudando a encontrar um lar para muitos deles. No entanto, essa guarda mostra mesmo seu lado humano ao localizar pessoas morando nas ruas. Recentemente, mobilizou colegas de trabalho para que uma família tivesse teto novamente. É por essas e outras histórias que Fernanda é uma das mulheres que fazem a cidade acontecer e uma das sete servidoras homenageadas em reportagens que serão publicadas até domingo (14/03). Num dia de fevereiro, ao encerrar seu plantão, Fernanda encontrou uma mãe com dois filhos, um deles autista, dormindo na calçada de uma rua perto do parque e quis entender o motivo de estarem ao relento. Sem dinheiro para o aluguel, a mulher contou que precisou se instalar sob uma marquise, onde já vivia um irmão dela. Após muita conversa, a guarda constatou que valia ajudar e, com o apoio de vários colegas, montou uma rede de solidariedade que permitiu conseguir emprego para a mãe e alugar um imóvel para ela morar. Uma das crianças foi matriculada na escola e já tem tênis novo para ir à aula. – Cheguei à Guarda porque queria um trabalho que garantisse meu sustento. Mas descobri que gosto muito das minhas atribuições. O que mais me move é poder ajudar as pessoas, ainda mais quando é uma ocorrência que envolve criança. Já fui da Ronda Escolar, era um trabalho muito interessante. Também atuei em acidentes de trânsito, tive que acalmar vítimas que aguardavam socorro médico – conta Fernanda, que é formada em administração de empresas e conseguiu pagar parte da faculdade já com seu salário da GM. A guarda também costuma atender a chamados que envolvem animais. Recentemente atuou no caso de um cachorro espancado em Madureira, que foi parar na delegacia. Mas seu forte é cuidar do bem-estar da cachorrada da região. Junto com uma colega da unidade, fica de olho nos bichos que estão abandonados, precisando de tratamento veterinário, e, quando ficam prontos para adoção, ela dispara fotos deles em grupos de mensagem. Geralmente, as histórias têm final feliz. O próprio Cotó quase já teve um lar, mas acabou voltando a morar na unidade da GM, para felicidade dele: – Levei Cotó para a minha casa, estava com doença do carrapato e precisava de cuidados. Ele estava muito mal. Pude dar mais atenção, mas percebia que estava ficando deprimido. Quando trouxe de volta para o parque, foi só alegria, corria para olhar tudo. Da época do Grupamento de Ronda Escolar, Fernanda lembra de quando ajudou duas crianças que eram maltratadas pelos pais adotivos. O caso chegou ao Conselho Tutelar: – Não me sinto bem se ficar alheia ao sofrimento das pessoas e dos animais, por isso me envolvo tanto. Eu me sinto muito bem e realizada agindo dessa forma.
O Instituto Fundação João Goulart (FJG) lançou nesta segunda-feira (08/03), o Programa Rio Liderança Feminina. O órgão vai conduzir ações de desenvolvimento pessoal, formação e capacitação em Liderança Feminina, preservando os direitos das mulheres em um contexto de igualdade, seja para a ocuparem cargos de direcionamento, liderarem grandes projetos e, o principal, serem líderes de si mesmas. O Programa conta com a parceria da Secretaria Especial de Políticas e Promoção da Mulher que atuará com contribuições específicas para a promoção da mulher e, assim, aumentar as possibilidades de liderança plena. – Uma liderança feminina e autêntica requer o empenho no próprio desenvolvimento e a Prefeitura do Rio, no âmbito da Fundação João Goulart, colaborará para que este processo de autoconhecimento e formação seja potente. Além de despertar a centelha de liderança para que tenha impacto no dia a dia do cidadão e, positivamente, na administração pública – diz a presidente da Fundação João Goulart, Rafaela Bastos. A FJG ainda criou o Grupo de Trabalho Transversal (GTT), composto por Líderes Cariocas, para atuar no desenvolvimento da regulamentação e do plano de trabalho do programa. Dentre os objetivos estão o Guia de Liderança Feminina (informações de boas práticas a serem adotadas pela Prefeitura a partir do exemplo), a regulamentação do programa de formação em liderança, benchmarking para reflexão de metodologias, marcos, estruturas de implementação e diferenciais que sejam referências para as  formações e matriz de responsabilidades do programa. Ainda há a Agenda MulheRio, o elo de comunicação entre a FJG e as mulheres da cidade que querem conhecer mais sobre gestão pública, liderança e feminino. No documento, serão divulgadas notícias, artigos, podcasts, entrevistas, agendas, cursos e compartilhamento de conteúdos acadêmicos e reportagens sobre o tema. Uma das histórias compartilhadas é a de Débora de Barros, Líder Carioca da Secretaria de Meio Ambiente (clique aqui para ver outras lideranças) e subsecretária da pasta. É formada em engenharia química com ênfase em Meio Ambiente e Tratamento de Resíduos pela UFRJ. Pela universidade, fez pós-graduação em Análise de Risco Tecnológico , mestrado em Análise de Risco a Saúde Humana. É também integrante do Programa Women’s Leadership de Columbia University. A profissional de 39 anos  teve seu primeiro contato com órgão público  em 2004, em seu estágio na Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Smac). Pela pasta já atuou em diversos setores como controle, fiscalização, licenciamento e áreas verdes. – Desde então, a Smac fez parte da minha vida, assim como a responsabilidade de proporcionar o acesso ao maior número de pessoas os benefícios que o meio ambiente devidamente equilibrado proporciona – acredita Débora. A subsecretária ainda pontua que  “todas as mulheres devem usar as suas ferramentas para promover seus valores de uma maneira inclusiva, mas certamente inclui “dar” tanto quanto pode significar “receber”. – Muitas mulheres, talvez por suas próprias inseguranças ou por sentirem que ainda estão no início de sua jornada, seguem em frente com suas carreiras pensando que só estão qualificadas para serem mentoras quando alcança o topo, o que é um tremendo engano – afirma Débora, que dá um conselho para aquelas que desejam assumir uma posição de liderança. – As mulheres têm os mesmos direitos dos homens, logo elas devem poder usufruir das mesmas facilidades para obter as mesmas luzes, pois somente estas podem lhe proporcionar os meios de exercer realmente esses direitos com a mesma independência e a mesma amplitude.
  A Guarda Municipal homenageou todas as guardas e funcionárias da instituição nesta segunda-feira, dia 8/3, em comemoração do Dia Internacional da Mulher, data que marca a luta por direitos, respeito e igualdade. Pela manhã, ao chegarem na sede da corporação, em São Cristóvão, Zona Norte da cidade, elas recebiam flores das mãos da equipe masculina do Cerimonial da GM. Houve também uma apresentação especial de parte da Banda de Música da Guarda Municipal. Eles executaram no violão, no saxofone e no bongô um pot-pourri com músicas românticas. Os guardas também entregaram flores para as mulheres que passavam  em frente à entrada social da sede. Atualmente, a Guarda Municipal conta com 1.675 mulheres em seu quadro funcional, incluindo guardas municipais e servidoras contratadas, o que representa cerca de 21% do total de funcionários. As guardas municipais atuam em todas as frentes da instituição, desde setores administrativos até as inspetorias e grupamentos especiais.    
  Valéria Saraceni  é daquelas profissionais apaixonadas pelo trabalho. Médica concursada do município há 31 anos, ela não pensou duas vezes em adiar a acalentada aposentadoria para atender ao chamado do secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, para fazer parte do grupo de análise do Centro de Operações de Emergências em Saúde (COE COVID-19 RIO). Antes dessa missão, Valéria atuava, desde 2009, como coordenadora da Análise de Situação de Saúde da Superintendência de Vigilância em Saúde da SMS. – Nos últimos anos, já estava pensando em reduzir a minha carga de trabalho. Como tenho duas matrículas de médico (por ter feito dois concursos para o município) e já tinha direito à licença especial, tirei uma delas porque  pensava em me aposentar por uma matrícula e continuar  a trabalhar pela outra. Trabalharia menos, me dedicaria às pesquisas ou a outras coisas no meu horário livre. E faria o que tivesse vontade de fazer na vida. Mas com a volta do Eduardo Paes, e Daniel Soranz  retornando como nosso secretário, começamos essa mobilização e ele já me botou de volta na ativa. E mudou os meus planos – conta Valéria, de 63 anos. A empolgação na voz da médica mostra que não foi nenhum sacrifício não ter ainda pendurado as chuteiras. Afinal, essa convocação descortinou uma nova possibilidade na extensa trajetória da servidora. – É uma oportunidade muito grande poder continuar fazendo o que gosto, que é a análise de dados, além de fazer uma reflexão da condição da saúde. É muito bom para mim – diz Valéria, que ainda completa: – Gosto muito de trabalhar na Prefeitura,  tenho entusiasmo pelo meu trabalho. A gente produz informação que é supervaliosa sobre a saúde na cidade e que ajuda na gestão municipal. E no Dia Internacional da Mulher, comemorado nesta segunda-feira, Valéria enxerga com bons olhos a atuação feminina na pasta. – Acho que é a maior força dessa secretaria.  Então, ter uma quantidade boa de mulheres em áreas que vão refletir no cuidado com as pessoas, acho que isso ajuda muito. As mulheres gostam de cuidar, tem um outro tipo de olhar, mais abrangente, de tentar entender o que a população precisa – analisa a médica, que diz nunca ter se sentido excluída por ser mulher: – Dentro do município, na Saúde, a gente tem muito mais mulher do que homem. Por tradição, quase sempre tivemos secretários, só na gestão passada tivemos uma secretária. Mas eu nunca tive nenhum problema, algum embaraço por conta de ser mulher. Nunca deixei de ser ouvida,  expressar minha opinião, nunca deixei de fazer um trabalho dentro da secretaria ou prefeitura por ser mulher. As pessoas que me chefiam respeitam as minhas opiniões, querem me ouvir, saber o que tenho para contribuir. Vontade de ser médica do município O desejo em estar no quadro da Prefeitura vem desde a época da faculdade. Formada pela Uerj, em 1982, Valéria conta que chegou a estagiar no Hospital Miguel Couto. – Eu sempre quis trabalhar no município. Então, quando entrei, passei a gostar ainda mais de atuar na saúde pública, na melhoraria das condições para a população – conta a médica, que prestou concursos para a Prefeitura em 1990 e 1994. A carreira da médica não poderia ser mais vitoriosa. Após ingressar na Prefeitura, indo trabalhar no Centro Municipal de Saúde Alvimar de Carvalho, em Pedra de Guaratiba, Valéria passou pelo Miguel Couto, onde atendia muitos pacientes com HIV/Aids. Com uma estrutura montada para o tratamento da doença no Hospital Rocha Maia, e o lançamento do Programa de HIV/Aids,  a profissional foi designada para trabalhar na unidade. Em 1997, recebeu convite para atuar no nível central da SMS,  na área de Vigilância em Saúde, onde ficou até 2019. – Aos poucos, fui largando o atendimento, me desligando de atender pacientes, para focar no melhor cuidado para o maior número de pessoas. Então, capacitávamos pessoas, fazíamos levantamentos de dados, procurava entender o que melhor poderia fazer para um paciente da Aids e levar isso para rede de saúde. Vimos a questão da tuberculose dentro da doença. Trabalhando com DST, fizemos uma revolução da sífilis congênita nos anos 2000 e 2001. Foram momentos muito bons. Até hoje sou consultora do Ministério da Saúde nesse campo da sífilis, porque a gente fez muita coisa pelo município – orgulha-se.
  No Dia Internacional da Mulher, comemorado nesta segunda-feira (08/03), os olhos da cidade vão parar por alguns minutos para observar o time feminino que toma conta do Rio de Janeiro. O Centro de Operações Rio (COR) homenageia suas colaboradoras com um mosaico de fotos de cada uma delas no seu famoso telão. A ideia é mostrar a importância das mulheres que fazem a cidade funcionar todos os dias do ano, 24 horas por dia. É a primeira vez nesta data que o COR, em seus dez anos de criação, faz uma pausa na transmissão de imagens de câmeras da Prefeitura para o telão. Ao todo, são imagens de 90 funcionárias dos vários órgãos e parceiros da Prefeitura que trabalham diretamente do quartel-general do município. O mosaico será exibido por 10 minutos na parte da manhã, entre 9h e 10h, e no turno da noite, entre 20h e 21h. As fotos também serão expostas no toten da recepção do Centro de Operações, no monitor do elevador, no site e nas redes sociais do órgão. Com a iniciativa, o COR agradece o empenho, a dedicação e a escolha de cada colaboradora em fazer parte da equipe, faça chuva ou faça sol. Afinal, lugar de mulher é onde ela quiser. – Essa homenagem é um reconhecimento a nós mulheres que trabalhamos aqui no COR e que representamos todo o time da Prefeitura do Rio, nesta data. Tenho muito orgulho de fazer parte dessa equipe de mulheres que fazem o Rio – afirma Vivian Pontes, supervisora de monitoramento de painéis da CET-Rio. Assista ao vídeo da homenagem:

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